12 dezembro, 2010

Caxiuanã e seu Paradoxo: zelar para explorar


Este post dará ênfase ao que de mais especial tem em Caxiuanã, a percepção da indigência da preservação dessa grandiosa área, que agrega dentro de seus limites, cenários de biodiversidade sem igual. A ausência do homem nessa área é o fato que nos leva a entender, do que é capaz a atitude em prol da preservação da vida, seja ela, animal ou vegetal, contra ações antropogênicas que, trivialmente, neste momento, seria fatal. Um exemplo clássico disso, é o atual cenário da área do pólo madeireiro de Breves, potencialmente exaurido. Entretanto, a priori, se apresenta como um paradoxo, pensar, na intocabilidade dessa área durante cinco décadas, e a qualquer momento abra-se às suas portas para a exploração, obviamente, pelo até então, seu guardião (o governo). Por si só, os tipos de riqueza biológica presente neste texto, exige que a área de Caxiuanã se torne uma ferramenta de uso contínuo para o bem de todos, mantida a complexidade de sua biodiversidade e lincada ao homem como um museu contemporâneo da biota selvagem, focado para a pesquisa, ecoturismo, educação ambiental e a manutenção das espécies.
Mas, é extremamente desconfortável saber que é questão de dias para que máquinas entrem na área de Caxiuanã e derrubar arvores, dar cabo à fauna do solo, aterrorizando aves e os mamíferos metamorfoseando as trilhas do impacto em efeitos adversos imutáveis. Pode-se afirmar dois fatores sobre Caxiuanã: 1º - É diminuto o conhecimento sobre o seu fator biótico e, 2º - Até o momento, ninguém sinalizou com a vontade política suficiente para a construção de um plano de manejo capaz e minucioso da área com força para gerar condições mínimas o que numa eventual ação antropogênica, evitaria um efeito colossal para este monumento até hoje, preservado.
A área de Caxiuanã (nos municípios de Melgaço e Portel, no Pará) apresenta um cenário sistêmico complexo e diverso. E pelo que se sabe, embora a atuação presencial de pesquisadores de diferentes áreas científicas venha ocorrendo de maneira contínua, por mais de 16 anos, conclui-se após um estudo dos levantamentos da biodiversidade, que o grau de conhecimento da fauna e flora da referida região, mesmo sendo avanço extraordinário, não vai além de uma fração do todo daqueles ecossistemas ricos em fatores bióticos.
E de acordo com os resultados valorados nos três livros publicados sobre Caxiuanã, o total de espécie da fauna devidamente identificado, hoje, é de 1.103, sendo que o número da flora, fungos e líquen, é de 2.400, perfazendo um total de 3.503. Neste momento, este é o número a ser considerado como oficial e conhecido em Cxiuanã.
A partir dos idos 1961 começou o processo de preservação da área de Caxiuanã com a desocupação da área e com isso veio o vazio demográfico hoje existente na área da FNC – Floresta Nacional de Caxiuanã, fato que, essencialmente até o momento, fomenta a preservação de Caxiuanã. Evidentemente que não se pode predizer exatamente os efeitos na área, se a FNC não tivesse sido criada e não contasse com a presença do IBAMA. Mas, sabe-se o que ocorreu na região das ilhas que já foi o maior pólo madeireiro da Amazônia e, por isso entende-se que a região em questão, caso não tivesse sido preservada desde 1961, sofreria um impacto titânico diante da ação antropogênicas (exploração madeireira), com efeitos adversos irremediáveis sobre a sua flora e fauna.
Hoje, entretanto, a exploração manejada de Caxiuanã me parece mais próxima, o único empecilho é a falta de estudos e, por conseguinte, a falta de conhecimento suficientemente capaz de alavancar o seu plano de manejo. Neste ínterim em que Caxiuanã tornou-se intocável à exploração, transformou-se num “almoxarifado” dos fatores bióticos mesmo com algum grau de exploração sustentável pelos humildes ribeirinhos residentes da área.

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