21 outubro, 2009

Belo Monte! Um infortúnio que deve ser esquecido.

Pode parecer antidesenvolvimento usar a prudência ambiental, onde a construção de uma obra “dita” como para o bem comum é mais demorada, mas uma sociedade com o mínimo de coerência, provavelmente não se importa muito com a demora. Contudo, espera-se que essencialmente, o Ministério de Minas e Energia, não responda intermitentemente, mas imparcial e conclusivamente a seguinte questão: Como será usada a energia produzida? Esta é uma indagação a ser atendida antecipando a proposta de uma hidrelétrica.
Cheguei a pensar que dificilmente haveria ignorância suficiente, pelo menos no território brasileiro, para mais um monumento à estupidez nas proporções da Hidrelétrica de Balbina. No entanto, hoje, embora tenhamos uma gama de conhecimento e lições acumuladas à disposição deste segmento, eu vejo com tristeza, forte possibilidade de ocorrência de erro colossal, análogo à Hidrelétrica de Balbina, com um agravante, os conhecimentos científicos conclusivos, estão sendo preteridos em favor de uma urgência tecnicamente descabidas, como está sendo no caso da Hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu.
No Brasil, a tolerância pela opção às hidrelétricas, está sobre a idéia de que esta, é uma fonte limpa de energia, ledo engano. A área submergida em uma hidrelétrica é extensa e de cobertura vegetal nativa que, se transformam em gigantesco lagos artificiais. Milhões de arvores normalmente não são extraídas e manufaturadas em madeira produtiva – ficam lá sofrendo com o metabolismo aeróbio e anaeróbio daquele ambiente e tem uma consequência preocupante que está relacionada à produção de gases de efeito estufa. Por exemplo: A Hidrlétrica de Balbina. Ela, libera 3,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, 50% do total jogado pelos automóveis em são Paulo. Hoje, a contribuição da Hidrelétrica de Balbina na produção e liberação de gases de efeito estufa, supera a emissão de uma termelétrica a carvão, de mesma potência, em dez vezes. De acordo com Kemenes (INPA), o lago libera 84% dos gases, é um volume tão grande que supera o total de Crédito de Carbono conseguido pela Eletrobrás controladora da Balbina. Estudos científicos comprovam que além de prover água anóxica; gera grande quantidade de metano, um dos constituintes do efeito estufa com 25 vezes mais impacto sobre o aquecimento global do que o CO2, caindo por terra o folclore de que hidrelétrica produz energia limpa.
Os grandes beneficiários com a hidrelétrica de Belo Monte serão os senhores do setor de alumínio: ABC-refinaria, Alunorte, Alcoa, Albrás, Alumar e CAN (Companhia Nacional de Aluminio – São Paulo). O impressionante é que, esse extraordinário segmento no Brasil, especialmente no estado do Pará, emprega somente 2,7 pessoas por cada GWh de energia elétrica consumida, um saldo desgraçado que apenas fica atrás das usinas de ferro-liga (1,1 pessoas/GWh).
Os precedentes infelizes das hidrelétricas na Amazônia. Por exemplo: Balbina e Tucuruí, apresentam uma gama preciosa de lições para compilação de informações ambientais para aperfeiçoar a tomada de decisões sobre grandes obras públicas na Amazônia, essencialmente as hidrelétricas, interligando com os impactos sociais e ambientais.
O contraste entre os benefícios potenciais de Belo Monte e os reais benefícios para a Amazônia deveria ser suficiente para não levar a cabo a tomada de decisão, a menos que a questão para quem provêm os benefícios seja suficientemente respondida. O que, infelizmente, isto, não está acontecendo no caso de Belo Monte, que como já citado, as benesses serão direcionadas principalmente às multinacionais de alumínio. Logo, o processo de tomada de decisões para Belo Monte é pervertido em várias feições, embora, a “fumaça do sigilo” que o Ministério de Minas e Energia mantém sobre muitos aspectos do projeto de Belo Monte, impeça o entendimento de seus impactos. Isso mostra que o Brasil ainda não aprendeu que os estudos ambientais sobre suas grandes obras na Amazônia têm que acontecer em uma etapa anterior no processo de decisão, além disso, os estudos precisam ser mais extensivos, e principalmente, banir a abreviação, a moda contemporânea tão discutida do sistema de licenciamento ambiental no Brasil.

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